Educadores em ação: evento abre diálogo sobre futuro mais cooperativo na educação

Superar desafios e abrir caminhos para novas oportunidades. Com essa premissa, o Summit Educação 2024 foi realizado pela Central Sicredi PR/SP/RJ, em Curitiba (PR), nos dias 29 e 30 de outubro. Mais de 1,3 mil pessoas, representando diversos municípios do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, participaram do evento que colocou em evidência os impactos da cooperação no desenvolvimento das novas gerações. Sob o tema ‘Educadores em Ação’, o Teatro Positivo foi palco das palestras com importantes nomes do setor, entre eles o reitor honorário da Universidade de Lisboa, António Nóvoa, e o influenciador Marcos Petry, enquanto o Viasoft Experience sediou ativações dinâmicas e painéis interativos que criaram um ambiente propício para a troca de experiências.

Em um mundo onde a educação é a chave para um futuro mais próspero, o Sicredi se destaca ao promover programas transformadores como A União Faz a Vida, Cooperativas Escolares, Cada Gesto Educa e Cooperação na Ponta do Lápis – todos abordados no portal https://transformando.com.vc. Para conectar essas ações em um espaço colaborativo, o Summit Educação promoveu debates sobre práticas inovadoras em mais uma de suas edições. Para o presidente da Central Sicredi PR/SP/RJ, Manfred Dasenbrock, eventos como esse são reflexo do compromisso e dedicação dos educadores envolvidos. “O Programa A União Faz a Vida tem inspirado mais programas que estão juntos nessa jornada, promovendo um despertar de novas consciências e lideranças”, afirmou em vídeo exibido na abertura.

Com o mesmo olhar, a coordenadora do evento Alyne Lemes ressaltou que todo o evento foi pensado em impulsionar a intencionalidade nas ações educativas. “Estamos aqui para cultivar uma educação que realmente transforme vidas. Cada ação tem o poder de fazer a diferença, e é essencial que todos nós estejamos comprometidos com essa missão. Acreditamos que, ao investir na formação de novas lideranças e no fortalecimento do cooperativismo, estamos não apenas moldando o futuro das nossas comunidades, mas também inspirando um ciclo contínuo de mudança positiva”, declarou.

Ainda na abertura, o diretor-executivo da Central Sicredi PR/SP/RJ, Maroan Tohmé, apresentou a trajetória do Programa A União Faz A Vida, que celebra 30 anos de existência e tem como objetivo fortalecer o país através da educação. “São as pessoas que disseram sim para os nossos programas educacionais que são os atores principais desse Summit. São eles que atuam na linha de frente, transformando a realidade das comunidades onde estamos inseridos”, evidenciou Tohmé.

Transformação

Com a afirmação de que a educação é uma jornada que começa no coração dos professores e se estende ao futuro da humanidade, António Nóvoa deu início ao ciclo de palestras do Summit Educação, ressaltando o papel central dos educadores na transformação do sistema escolar. “No campo da educação, o que conta verdadeiramente são os professores. Eles estão no dia a dia das escolas e são eles que têm que fazer as mudanças”, declarou Nóvoa. Embora reconhecendo a relevância da tecnologia, ele destacou que apenas os educadores podem efetuar mudanças significativas. Para ele, o futuro da educação reside na cooperação e na humanidade, onde os alunos se tornam protagonistas em atividades de pesquisa, leitura e trabalho em grupo, ao invés de meros receptores de informações.

Na busca por uma educação mais inclusiva e eficaz, Jussara Hoffmann, especialista em avaliação educacional e professora aposentada da UFRGS, instigou os participantes a repensarem suas práticas durante a palestra que abriu o segundo dia de evento. Com uma abordagem centrada no aluno, Jussara conduziu um debate sobre a relação entre avaliação e aprendizagem, sublinhando a importância de valorizar e respeitar as diferenças individuais. “A escola deve ser um espaço onde a criança entra e ali permanece. E a avaliação é crucial para entender as necessidades e potenciais dos alunos, evitando que alguém fique para trás”, enfatizou.

Educação no espectro

“Cada um de nós tem infinitas possibilidades, desde que recebamos o apoio certo”. Com essa declaração, Marcos Petry subiu ao palco acompanhado de sua mãe, Arlete, em uma apresentação emocionante que capturou a essência da superação e inclusão. Escritor, músico e criador do canal no YouTube ‘Diário de um Autista’, ele compartilhou sua vivência no espectro autista para promover entendimento e empatia. “Quando vocês, professores, criam uma estrutura que acredita no indivíduo, tornam-se a sorte de um aluno”, afirmou.

A determinação de uma família comprometida em superar diagnósticos pode transformar realidades. Para Arlete, essa transformação é uma constante na vida do filho, que desde o início desafiou as expectativas impostas a ele. “Nunca nos deixamos vencer por um diagnóstico, sempre acreditamos nas possibilidades que ele poderia alcançar”, lembrou durante a palestra. Parte importante dessa jornada, a música o acompanha desde a infância e teve um papel central no encerramento da palestra, com a apresentação de canções em seis idiomas diferentes. “A música me explica o mundo de formas que falam direto ao meu coração”, revelou.

Amor que educa

O professor da Unicamp César Nunes encerrou o Summit com uma palestra que redimensionou a importância da educação na vida das crianças. Com 35 livros publicados, Nunes destacou que o amor que educa e o coração que ama são essenciais para construir um futuro melhor. Para ele, o papel dos educadores é fundamental, pois eles cuidam do que a cidade tem de mais precioso. “Não desistam da missão. Assim como já diz a música de Raul Seixas, não digam que a vitória está perdida, pois é de batalhas que se vive a vida, tente outra vez”, concluiu.

O encontro deixou uma marca profunda nos participantes, promovendo um espaço de troca de ideias e insights transformadores. Para a assessora pedagógica da Sicredi Paranapanema Serrana PR/SP/RJ, Vânia Regina Machado, o evento superou todas as expectativas. “A cada momento, era uma nova emoção. Cada palestrante trouxe uma mensagem que reforçou a certeza de que estamos no caminho certo”, destacou.

Legado que inspira

Além das palestras, o painel ‘Legado dos Programas Educacionais’ foi parte importante da programação. No centro da roda de conversa estava Enzo, presidente da primeira cooperativa escolar desenvolvida pela  Sicredi Norte Sul PR/SP em Ribeirão Claro, interior do Paraná. Com apenas 14 anos, ele compartilhou sua jornada junto de outras trinta crianças e adolescentes, que o levou de um aluno tímido a um jovem líder. “Eu era muito tímido, mas hoje em dia eu não me vejo como antes, pareço outra pessoa”, contou o presidente da Cooperlar. Na cooperativa, os alunos exercem seu protagonismo, tomando decisões em conjunto.

O sucesso de Enzo é reflexo de um ecossistema educativo robusto, sustentado pelo empenho de educadores dedicados, como o professor orientador Marcos Henrique Ribeiro. “Quando vejo esses meninos e meninas discutindo em equipe, sem uma só decisão que passe por eles individualmente, sinto que algo muito maior está se construindo ali”, afirmou Marcos. Ele enfatizou que a essência do programa reside na formação de jovens cidadãos que, ao se tornarem parte de um todo, internalizam práticas de cooperação que transcendem as paredes da escola, impactando positivamente suas comunidades e contribuindo para um futuro mais colaborativo.

O painel instigou os educadores presentes a refletirem sobre os impactos transformadores que os programas educacionais estão gerando dentro das escolas. Na cidade de Quatro Pontes (PR), por exemplo, o Programa A União Faz a Vida tem levado princípios de cooperação e cidadania para dentro da escola CMEI Professora Clarice Maria Bren. “Estamos vivendo uma experiência incrível, em que o aprendizado vai além da sala de aula, permitindo que nossos pequenos desenvolvam habilidades essenciais para o futuro”, compartilhou a coordenadora Ana Paula Noé Martini. Para ela, eventos como o Summit são fundamentais para fortalecer os princípios de um ambiente de aprendizado cada vez mais colaborativo. “Participar do Summit Educação foi um divisor de águas, pois nos proporcionou novas perspectivas e ferramentas para enriquecer ainda mais esse trabalho transformador”, finalizou.