Chegada do La Niña acende um alerta para o campo

Foto: Mapa

No Paraná, a safra de milho recém-colhida já sofreu os efeitos da falta de chuvas. A produção de 12 milhões e 500 mil toneladas, foi 21% menor do que na safra anterior, quando foram colhidas mais de 14 milhões de toneladas do grão.

“Como a gente sabe, o La Niña provoca redução das chuvas em todos os estados da região Sul do Brasil. A gente vem aí de 2021, e início de 2023 sob atuação do fenômeno. Então isso impactou nas chuvas de toda região Sul. Todos esses anos foram de chuvas irregulares” conta Leandro Zandonadi, climatologista.

Para a próxima safra de soja, a previsão para o campo não é boa.

Diante dos efeitos climáticos, das mudanças no tempo, a saída para os produtores é investir num solo resistente, capaz de armazenar melhor a água.

O pesquisador da EMBRAPA SOJA, Henrique Debiasi, diz que as raízes das plantas fazem toda a diferença. Em uma pesquisa, ele mostra o funcionamento delas embaixo da terra.

“E como se investe em raízes? Colocando espécies vegetais diferentes da soja, do milho, do trigo, no sistema de produção, que são as chamadas culturas de cobertura” diz o pesquisador.

Cleber Veronezi Filho, produtor de Maringá, aplica na prática o estudo. Além da rotação de cultura e do plantio direto, ele também investe nas plantas de cobertura. “É uma tecnologia de ponta, é alta tecnologia, e é uma das inovações mais recentes para combate e segurança com relação a stress climático na lavoura hoje. A gente consegue cerca de 15 a 20% de aumento de produtividade”.

O produtor cultiva plantas de cobertura, como aveia, nabo e centeio.

“O sistema de raiz é um sistema agressivo, então ele abre a caixa de ferramenta do solo, onde você tem um benefício maior depois, tem mais água futuramente” conta Walmir Schreiner, agrônomo Cocamar.

Os benefícios vão além da roça. Em tempos de aquecimento global, técnicas simples como rotação de cultura e adubação verde, ajudam todo o meio ambiente porque diminuem o carbono no ar.

“O produtor que faz essa prática não só ta produzindo mais, mas também tá contribuindo pra mitigar ou pra diminuir o aquecimento global via efeito estufa. É uma prática que também reduz erosão e no final das contas a produtividade é maior”.