Um candidato a vice-prefeito de Laguna, no Litoral Sul de Santa Catarina, teve dois malotes contendo R$ 18 mil em espécie, além de material de campanha, apreendidos na sexta-feira (4), segundo a Polícia Civil. Conforme a investigação, as evidências sugerem que o dinheiro seria usado para compra ilegal de votos.
Embora a Polícia Civil não tenha divulgado oficialmente o nome do candidato, por causa da investigação, ele se manifestou nas redes sociais.
Em vídeo publicado ainda na sexta-feira, Nilsinho Coelho (PP) disse que trabalha com construção civil e usaria o valor para pagar os funcionários. O g1 tenta contato com ele. Já o partido afirmou que só se manifestará oficialmente “quando os fatos forem esclarecidos”.
“Hoje fui aprendido, tratado como um bandido, com 18 mil reais em espécie, indo pagar meus funcionários”, afirmou o candidado no vídeo. Nilsinho disse que teve o celular apreendido. A publicação está também no perfil do titular da chapa.
O candidato, segundo a Polícia Civil, foi localizado dentro de um veículo que vinha sendo monitorado por supostamente estar sendo usado para a distribuição ilegal de dinheiro. A Polícia Civil disse que ele estava com um policial, mas não detalhou para qual órgão o agente atua.
O g1 buscou o PP, por meio de assessoria, que afirmou que só se manifestará oficialmente “quando os fatos forem esclarecidos”.
Operação
Conforme a Polícia Civil, a ação ocorreu no contexto da operação Tempus Veritatis, deflagrada na quarta-feira (2) para desarticular “um sofisticado esquema de corrupção eleitoral envolvendo a compra de votos no município”.
A primeira fase teve como alvo um sítio que pertence a um ex-agente público de Laguna. Ele não teve a identididade divulgada. O local era usado para ocultar valores expressivos em dinheiro para cooptação ilícita de eleitores a um determinado partido político, segundo a polícia.
Na ocasião, os principais suspeitos já tinham deixado o local, mas os agentes conseguiram identificar candidatos, agentes públicos e até mesmo policiais supostamente envolvidos no esquema criminoso.
Durante as buscas, foram apreendidos documentos que apontam para a possível prática de corrupção eleitoral, incluindo envelopes com valores anotados e listas contendo informações nominais de possíveis eleitores aliciados.
Nova etapa
A partir disso, a Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Laguna intensificou o monitoramento dos veículos suspeitos de serem utilizados na distribuição ilegal de dinheiro, e dois carros foram abordados simultaneamente na sexta-feira.
Em um deles, a Polícia Civil encontrou o candidato acompanhado por um policial.
O segundo veículo, conduzido por funcionário comissionado de um deputado estadual, também transportava uma quantia em dinheiro, material de campanha e um simulacro de arma de fogo.
A operação é coordenada pelo delegado da DIC Bruno Fernandes.
“Nossa missão é garantir que o processo eleitoral ocorra de forma justa e transparente, livre de influências criminosas que possam comprometer a vontade popular”, disse.