Caso Isis: Buscas por adolescente grávida desaparecida no Paraná serão retomadas após resultado de laudo da perícia e novas denúncias

A Polícia Civil do Paraná (PC-PR) decidiu retomar as buscas por Isis Victoria Mizerski, jovem de Tibagi, nos Campos Gerais, que sumiu em junho deste ano. Quando desapareceu, ela tinha 17 anos de idade e estava grávida. A polícia trabalha com a hipótese de que Isis está morta.

O delegado Jonas Avelar disse que a decisão de retomada das buscas foi tomada após o resultado de um laudo da perícia feito com amostras de lama encontradas no carro do suspeito do crime, Marcos Vagner de Souza, apontado como pai do bebê. Novas denúncias também respaldam a retomada das buscas.

Marcos Vagner está preso e é réu por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e aborto provocado sem o consentimento de Isis. Ele diz ser inocente.

De acordo com a assessoria da Polícia Civil, o laudo pericial atestou a presença de um tipo de solo específico no carro de Marcos. Com base nisso, as áreas prioritárias de busca foram definidas.

Os locais previstos ficam em diversos pontos entre Tibagi e Telêmaco Borba. A corporação afirma que, no total, cerca 15 hectares devem ser percorridos – a área corresponde a 21 campos de futebol.

“Nesta segunda-feira (4), as equipes das forças de segurança se reunirão em Tibagi a fim de organizar a atuação da força-tarefa. A ação em campo terá início na terça-feira (5) e se estenderá até a quinta-feira (7).”, detalha a Polícia Civil.

Segundo a corporação, a força-tarefa contará com o efetivo de policiais civis, policiais militares, bombeiros, além de três cães farejadores e seus condutores do Grupo de Operações de Socorro Tático do Corpo de Bombeiros, “referência em operações de buscas no Paraná”.

Em nota, a defesa de Marcos Vagner de Souza afirma que ainda não foi oficialmente informada acerca de novas buscas e nem tampouco de novas denúncias, “uma vez que tais informações não constam nos autos”.

“Ressaltamos que o laudo do solo apenas informa, de forma genérica, a região rural de Tibagi, que era constantemente frequentada por Marcos considerando que ele fazia rondas diárias na região”, alega o advogado Renato Tauille.

Caso Isis
De acordo com o delegado Matheus Campos Duarte, Isis e Marcos tiveram relações sexuais entre abril e maio de 2024 e a adolescente engravidou do vigilante.

Semanas depois, ela começou a desconfiar da gestação e no dia 3 de junho contou para Marcos das próprias suspeitas, afirma o delegado. As investigações apontam que ele pediu que ela fizesse um teste, que confirmou a gravidez.

O delegado afirma que os dois saíram para se encontrar no dia 6 de junho – e desde então, Isis não foi mais vista.

As investigações reuniram imagens de câmeras de segurança que mostram Marcos em uma farmácia dois dias antes do sumiço. Três testemunhas afirmaram, em depoimento, que ele as procurou para tentar comprar remédios abortivos.

Processo na Justiça
O inquérito foi finalizado no começo de agosto.

Quando a Polícia Civil anunciou o indiciamento do homem, o delegado Matheus Campos Duarte comparou o caso de Isis ao de Eliza Samudio. Ela desapareceu em 2010 e nunca teve o corpo encontrado. Apesar disso, acusados de envolvimento no crime foram condenados – incluindo o ex-goleiro Bruno Fernandes.

Marcos Vagner de Souza virou réu na Justiça por três crimes, todos no âmbito da violência doméstica:

  • homicídio triplamente qualificado (por feminicídio, dissimulação e motivo torpe);
  • ocultação de cadáver;
  • aborto provocado sem o consentimento da vítima.

No final de outubro, a Justiça começou as audiências de instrução e julgamento do caso para definir se Marcos vai a júri popular, ou não. A intenção era ouvir 18 testemunhas, mas devido à ausência de testemunhas de defesa as audiências foram suspensas e não têm data prevista para retorno.

Desde o início das investigações, a defesa de Marcos nega que ele tenha envolvimento em algum crime relacionado ao desaparecimento de Isis.

A Polícia Civil destaca que quem tiver informações sobre vestígios do paradeiro da adolescente pode fazer denúncias anônimas através dos telefones 197, da corporação, ou 181, do Disque-Denúncia.